sábado, 29 de novembro de 2008

Fotos da antiga Escola Alemã/ Colégio Progresso e ET - UFPR








Histórico: Escola Técnica da UFPR

Este post tem o objetivo de situar o leitor da história da ET - UFPR, revelando sua origem, seu desenvolvimento e o seu futuro como IFET.



Em linhas gerais ...
A Escola Técnica da UFPR foi criada em 1869 e pertencia à antiga Colônia Alemã de Curitiba. Seus fundadores Gottlieb Mueller e Augusto Gaertner eram sócios do Verien Deutsche Shule. Até 1914, o estabelecimento chamou-se Escola Alemã, depois Colégio Progresso. Em 1941, a então Academia Comercial Progresso, foi adquirida pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, sendo autorizada a funcionar sob a denominação Escola Técnica de Comércio anexa à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná.

Em 22 de Janeiro de 1974, o Conselho Universitário decidiu integrá-la a UFPR como órgão suplementar e a partir de 1986 ela passou a ser denominada Escola Técnica de Comércio da Universidade Federal do Paraná. A partir de 14 de Dezembro de 1990, ao aprovar a reorganização administrativa da UFPR, o Conselho Universitário alterou a sua denominação para Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná, vinculando-a à Pró-Reitoria de Graduação e em Novembro de 1997, por decisão deste mesmo conselho foi elevada a condição de Setor.

As Escolas Alemãs e a Deutsche e Schule
Entre 1887 e 1889, chegou um número apreciável de alemães no Paraná mas a maior parte dos imigrantes chegou no início do século XX, vindos diretamente da Alemanha, e se estabeleceram sobretudo nas regiões leste e sul em cidades como Curitiba, Ponta Grossa, Palmeira, Rio Negro entre outras.
Para preservação da sua cultura e seus valores os alemães que aqui se instalaram, viram a necessidade de implantar escolas que ensinassem sua língua e sua religião (protestante) já que nas escolas nacionais o ensino era logicamente em língua portuguesa, alem de ser ensinado o catolicismo. Sendo assim, criaram escolas particulares germânicas. No Paraná de 1937 essas "escolas estrangeiras" mantidas por imigrantes alemães e seus descendentes perfaziam um total de cinquenta e cinco unidades, entre elas a Escola Alemã e posteriormente Colégio Progresso.
A Deutsche Shule foi resultado da iniciativa comunitária de imigrantes alemães oriundos de Joinvile (SC) e Rio Negro (PR). Estes imigrantes estabelecidos em Curitiba desde meados do século XIX, congregaram- se em torno de uma comunidade evangélica em 1866, e três anos depois, em 1869 deram por fundada a Deutsche Shule - Escola Alemã. A escola teve seu inicio de maneira irregular, sendo que as aulas eram realizadas na casa do Pastor, porem a partir de 1972, as matriculas aumentaram e o local de estudos foi transferido para a igreja, até que em julho de 1892 consegui-se fundos para a construção do edifício sede, nessa época a escola não tinha mais um vinculo administrativo com a Igreja Luterana, e criou se a Verien Deutsche Shule, uma sociedade escolar que mantinha a escola, formada por vários senhores entre eles Gottlieb Mueller e Augusto Gaertner.

Colégio Progresso
Em 1914, a Escola Alemã mudou sua denominação para Colégio Progresso, mas mesmo assim, por ser popularmente conhecida por Escola Alemã, foi depredada e fechada devido a uma onda de nacionalismo no Paraná, motivada pela guerra. Após esta, a comunidade germânica veio em seu auxilio custeando os reparos e repondo os materiais. E só em Outubro de 1919 obtiveram a autorização de reabertura, mas até ai o numero de matriculas já havia diminuído. A Escola Alemã/ Colégio Progresso neste período passava por dificuldades, então procura alternativas para obter mais números de matriculas. Criaram um curso ginasial totalmente em português e ampliaram suas instalações.

Academia Comercial Progresso
Em 1941, ocorre uma mudança, sendo que a Academia Comercial Progresso foi adquirida pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná, e autorizada a funcionar sob a denominação Escola Técnica de Comércio anexa à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná.

Escola Técnica de Comércio
Posteriormente foi anexa a UFPR como órgão suplementar, passando a se chamar Escola Técnica de Comércio da UFPR, e ainda em 1990 sendo elevada a setor e novamente mudando de nome, passado a ser Escola Técnica da UFPR, permanecendo assim até o inicio de 2008.

IFET - Instituto Federal de Educação e Tecnologia
Em sessão do Conselho Universitário da UFPR - COUN, realizada no dia 19 de Março de 2008, a ET - Escola Técnica da UFPR foi autorizada a aderir ao PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação, elaborado pelo MEC, e que tem como objetivo principal a expansão da Educação Profissional no Brasil.
Depois de 67 anos de parceria - teve início em 1941, quando começou a funcionar vinculada à UFPR (anexa à Faculdade de Direito), a ET é, agora, uma das sete unidades do IFET-PR.
O que pesou nesta escolha para o lado dos prós foi o fato de que a Instituição passara a ter autonomia administrativa, financeira e pedagógica, com orçamento próprio. Além disso, à Escola Técnica caberá a missão de implantar as unidades do IFET-PR no interior, sendo também a sede da mais nova e terceira Instituição Federal de Ensino do Paraná.

O IFET-PR irá ofertar por meio da unidade de Curitiba, 25 cursos regulares presenciais e outros 9 que serão ministrados através da Educação à Distância, formações estas que reuniram somente em 2007, mais de 20.000 alunos. Também manterá, agora como unidade do IFET-PR em Curitiba, os projetos sociais que desenvolve atualmente, entre eles, os de Inclusão Digital, Escola de Fábrica e os cursos de tecnologia em Agroecologia, Tecnologia da Informação e Gestão Pública.

Além de Curitiba, o IFET-PR estará presente em Paranaguá, Umuarama, Paranavaí, Telêmaco Borba, Jacarezinho e Foz do Iguaçu, cidades selecionadas pelo MEC com base em critérios técnicos (localização, demanda de alunos, contrapartidas locais, entre outros). Estão previstas a criação de 6.000 vagas de novos cursos presenciais, todos criados a partir dos Arranjos Produtivos Locais - APL´s - de cada uma destas localidades.

Por outro lado, a UFPR manterá em sua estrutura um Setor de Educação Profissional, voltado a oferta de cursos superiores de tecnologia em Gestão da Informação, Lutheria, Secretariado, Gestão de Negócios e Gestão de Negócios Imobiliários.

Parte da entrevista com ex-aluna, Senhora Izolde
Realizada dia 7 de Abril de 1998

RS – A religião de vocês...
I – Era protestante, luterana, e depois quando eu casei, eu virei pro católico.
RS – Descendente de alemães?
I – Não, meu pai era descendente de suíços, e minha mãe era de alemães.
RS – A Sra. nasceu em Curitiba?
I – É. {...}
RS – Quais foram os colégios que a Sra. estudou?
I – Eu só estudei nesse. Primeiro era Escola Alemã. Depois quando passou pra ginásio daí ficou Colégio Progresso, depois da guerra né,durante a guerra.
RS – Em que período a Sra. estudou?
I – Eu entrei com ... 7 anos,... deixa eu ver... é, 7 anos, fiz 8 anos de primário, depois passei pro ginásio, mais 4 anos.
RS – Tinha exame de Admissão?
I – Não, passava direto.
RS – A Sra. fez Jardim de Infância?
I – Eu fazia na igreja, na Trajano Reis, que agora é o Colégio Martinus.
RS – Certo. Aí a Sra. saiu de lá e foi pra Escola Alemã.
I - Sim.
RS - Aí a Sra. fez quantos anos? se chamava primário?
I – 8... Não sei. Porque era tudo em alemão, né...
RS – E a Sra. fez 8 anos então, e depois?
I – Depois passei pro ginásio e fiz mais 4 anos.
RS – E esse ginásio era à tarde?
I – Era à tarde, é, era à tarde. Mas depois que acabou, vamos dizer, acabou bem dizer a Escola Alemã, daí já era o ginásio Progresso né mas...
RS – Mas ela acabou quando?
I - Acho que foi depois da guerra... ou pelo menos durante...
RS – E a Sra. lembra, depois da guerra, daquele prédio... ele havia sido fechado... ou não?
I – Não, acho que não. Porque já era Colégio Progresso, já era... Porque no primário a gente só estudava em alemão, só tínhamos uma aula em português, que era o Português mesmo, mas depois que passou pra Colégio Progresso, aí nós tínhamos tudo em português. Daí ficou Colégio Progresso...
RS – Tá, o que eu quero que a Sra. me ajude é: se fechada essa Escola Alemã, que funcionava no período da manhã, esse ginásio, que chamam «ginásio do professor Moreira», ou então «ginásio do colégio Progresso», ele continuou existindo, só ele, sem Escola Alemã, ali, naquele local?
I – Só ele, ali naquele local. {...} Porque eu quando eu saí da escola, ele ainda estava ali pç. 19 de Dezembro. Daí depois quando ele mudou... bem daí eu já tinha saído...
RS –... A Sra. fez esse ginásio exatamente durante a guerra, não teve interrupção nenhuma?
I – Não, fiz normalmente.
RS – Lembra se tinha mensalidade, se era pago?
I – Era pago.
RS – A Sra. se lembra se algum dia seu pai comentou sobre o pagamento, se era caro ou barato, ou algo assim?
I – Não, isso ele nunca comentou. Porque outras alunas lá, vamos dizer que não pudesse pagar, eles faziam abatimento né. Ou então se tivessem mais alunas, irmãs que estudassem juntas... aí eles faziam desconto.
RS – Na Escola Alemã, se lembra de colegas não alemães?
I – Só me lembro de uma, até era uma pretinha. O nome dela era Joana.
RS – E ela aprendeu a falar alemão?
I – Ela não ficou muito tempo.
RS – A Sra. se lembra se... quem sabe era adotiva, ou algo assim?
I – Não. Não. Não era adotiva.
RS – E no ginásio, daí tinha mais alunos não alemães?
I – A maior parte eram alemães. Porque todos quase, eles foram da escola e passaram pro Progresso. Muitos saíram, mas muitos ficaram pra fazer o ginásio.
RS - Quer dizer que, pelo que a Sra. me conta, é como se tivesse feito duas vezes o ginásio?
I – Isso mesmo.
RS – Por que, não tinha validade o [ginásio] da Escola Alemã?
I – Os 4 anos que eu fiz extra, não.
RS – O governo não reconhecia?
I – Eu não sei porque naquele tempo o ginásio era 4 anos e tava acabado, né. E como eu tinha feito ... pra mim foi fácil de fazer, porque as matérias eram boas. A Escola Alemã foi ótima pra mim. A base foi de lá. Muito boa.
RS – Havia alguma coisa que pudesse ser chamado de uniforme?
I – Nós não tínhamos uniforme.
RS – Nem nesse colégio, o do professor Moreira, nem um de cor cáqui?
I – Tinha a juventude hitlerista, né... eu não tive. [risos]
RS – E o recreio, como era?
I – A gente brincava! De pular corda, de conversar... era mais pular corda...
RS – Meninos sentavam com meninas?
I – As meninas eram separadas, no primário. E no ginásio não.
RS – O recreio era separado na Escola Alemã?
I – Era separado.
RS – E no ginásio do Colégio Progresso?
I – Acho que também era separado.
RS – Aula de Religião, a Sra. tinha?
I – Aula de Religião... não, acho que não.
RS – E o horário de entrada e saída ?
I – A gente entrava às 8 horas e saía... acho que meio-dia. RS – Aula aos sábados?
I – Tinha.
RS – Tinha Educação Física?
I – Não.
RS – Nem no ginásio?
I – Acho que não. A gente... a gente fazia teatro.
RS – Recapitulando: todas as aulas eram em alemão, menos o português e quando foi para
o ginásio do Progresso, tudo era em português e não tinha alemão, correto?
I - Sim.
RS - E tinha Inglês?
I – Tinha.
RS – Das provas, a Sra. se lembra de alguma coisa?
I – Eu acho que era uma por mês...
RS – Dos castigos, o que a Sra. se lembra?
I – Não me lembro de castigo [risos]
RS – Não tinha palmatória?
I – Palmatória tinha para os meninos.


Conclusão - E no futuro ...

Com a implantação do IFET e a desvinculação da Universidade Federal do Paraná, a Escola Técnica tem um futuro incerto pela frente. Mas, como vimos através deste histórico, é um colégio sólido, que tem uma magnífica história, uma tradição, e que não necessita do peso UFPR por trás para conseguir fama. A Escola Técnica, dessa vez, embarca para mais uma mudança, uma mudança que resultará em diversos novos desafios. Mas que não deve perder seu compromisso com a qualidade, o nome muda mas espero que o compromisso com a educação de qualidade continue o mesmo.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Atividades para o 4 Bimestre

1. Levantamento histórico – entrevistas com ex-alunos ou pessoas (amigos, parentes) que conviveram com a instituição anterior a década de 50;
2. Imagens relacionadas as arquitetura do prédio da escola alemã antes da demolição;
3. Fatos históricos correlatos ao período do inicio das atividades em 1869 a 1935;
4. Fazer um levantamento com membros da comunidade curitibana sobre a temática